Biologia

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Mineração






 

Unidade de mineração da CBA,em Miraí MG

                                                                                  Produção de minério de ferro em MG


Doenças Causadas pelos mineradores
A pneumoconiose, doença pulmonar causada por poeiras minerais, reúne um conjunto de doenças respiratórias conhecidas pelo agente principal causador. As principais pneumoconioses são: a silicose, asbestose, pneumoconiose de poeira mista, do carvão (PTC), talcose, silicatose, siderose, baritose, estanhose. A silicose é a pneumoconiose mais freqüente e relevante, seguindo-se a asbestose. O potencial de fibrogenicidade dessas poeiras conduz a uma reação inflamatória que pode evoluir para fibrose do parênquima pulmonar e, conseqüentemente, insuficiência respiratória crônica.

A doença pulmonar parenquimatosa de origem ocupacional tem sido descrita ao longo dos séculos. Antes da era industrial, a mineração e os trabalhos artesanais eram capazes de produzir tal doença. Com a industrialização e a aceleração de processos geradores de poeiras houve um incremento das doenças relacionadas às poeiras minerais nos últimos 100 anos. Ramazini, considerado o pai da medicina do trabalho, em 1700, já descrevia as doenças dos mineradores como a tísica dos mineiros, demonstrando o adoecimento antes da era industrial.

No Brasil, o processo de industrialização foi iniciado no período pós-guerra, na segunda metade do século XX, caracterizado como o período de transformação do modelo industrial brasileiro2. Entretanto, o país mantém concomitantemente as atividades extrativistas, no setor de mineração, junto com o crescimento industrial. O padrão de morbidade provavelmente acompanha o modelo econômico do Brasil, com a presença de doenças pulmonares tanto no setor extrativista, o que nos paises desenvolvidos foi controlado com a finalização deste tipo de processo, quanto no setor industrial.

De acordo com o censo do IBGE, em 1998, havia no garimpo em torno de 400.000 trabalhadores. No setor industrial estimou-se em 8,5 milhões de trabalhadores na indústria de transformação, 4,5 milhões na construção civil, sendo 43% dos trabalhadores da indústria de transformação potencialmente expostos a poeiras causadoras de pneumoconioses.

Os estudos realizados sobre os trabalhadores expostos à sílica, a partir da base de dados do Relatório Anual de Informações Sociais, verificaram uma tendência de aumento em termos absolutos de 1.470 mil homens expostos, no período entre 1985 e 2001, para mais de 2 milhões de trabalhadores considerados definitivamente expostos.

Segundo Algranti, foi ainda estimado que, na década de 90, 6.600.000 trabalhadores estavam potencialmente expostos à sílica2. Para o amianto, não existem estimativas publicadas quanto à exposição, mas admite-se a existência de 240.000 trabalhadores expostos apenas nas indústrias de fibrocimento e freios.

Possivelmente, um grande número de trabalhadores está sob o risco de desenvolver pneumoconiose como resultado de exposições ocupacionais a poeiras minerais, principalmente devido ao grande número de indústrias que utilizam minerais de potencial fibrogênico no seu processo produtivo. A incidência deve ser elevada entre os expostos, mas não há informações epidemiológicas referentes a séries históricas sobre as internações hospitalares nas diversas regiões do país. Por estas informações evidencia-se a importância de estudar as pneumoconioses, aproveitando-se dos dados existentes, mesmo quando estes não representem a totalidade dos eventos em foco. Mas certamente a internação expressa a gravidade do problema, uma vez que as internações se dão em um número reduzido da totalidade dos trabalhadores com pneumoconioses no país. Internam os trabalhadores que apresentam repercussões orgânicas e funcionais, nos casos mais avançados com complicações cardiopulmonares.

Os objetivos deste estudo foram o de analisar as internações hospitalares por pneumoconiose no período entre 1984 e 2003, em todo território nacional, e o de realizar uma revisão bibliográfica das principais atividades causadoras de pneumoconioses nas diferentes regiões do país.

Foram analisadas, através da literatura, as principais atividades produtivas habitualmente associadas com a exposição às poeiras inorgânicas, geradoras daquelas doenças, que estão sendo exercidas nas regiões onde surge um maior número de internações por pneumoconioses.




Aluna: Bianca França